Liga NOS volta à porta fechada, Ligue 1 cancelada. E os outros países?

A pandemia de Covid-19 obrigou a uma paragem no desporto a nível mundial. Múltiplos eventos foram adiados, outros tantos cancelados, e ainda há uma grande incerteza sobre o que o futuro reserva para todos os que estão envolvidos neste meio. Mas muitos países já preparam o regresso à normalidade com a abertura faseada de alguns sectores da sociedade, tal como acontece em Portugal. E se há sector que já tem data marcada para o regresso é precisamente o do desporto, nomeadamente o da principal competição de futebol do nosso país, a Liga NOS, cujo retorno está marcado para o dia 4 de junho.

As ligas que voltam e as que já foram canceladas

Por cá a competição, claro está, será jogada à porta fechada, uma realidade que se deve manter até ao final da época. Isto inclui as restantes dez jornadas da liga e a final da Taça de Portugal, que opõe o SL Benfica ao FC Porto. De acordo com o plano de desconfinamento apresentado pelo Governo, é provável que, mesmo à porta fechada, nem todos os estádios possam receber jogos, ficando assim ainda por decidir a questão dos ‘campos neutros’. A Segunda Liga não está incluída e por isso os jogos continuam suspensos. O primeiro ministro anunciou também que o plano sanitário apresentado pela Liga para o regresso do futebol está ainda dependente da aprovação da Direção Geral da Saúde.

Portugal torna-se assim dos primeiros países a anunciar o regresso do principal escalão de futebol, mas pode ser a Alemanha a dar o apito inicial ao que resta da época. O governo alemão deu um parecer favorável ao retomar das competições a meio ou no final do mês de maio – o que inclui a Bundesliga e a Bundesliga 2, apesar de faltar a autorização das autoridades de saúde.

No sentido inverso, Holanda e França terminaram definitivamente os respetivos campeonatos. No caso da Eredivisie holandesa, a época 2019/20 é ‘um ano em branco’ e não contará para a história. O governo holandês tinha decretado a proibição de eventos com ajuntamentos de pessoas até ao dia 1 de setembro, o que levou os clubes e federação a decidirem oficialmente pelo fim prévio da competição. Faltavam disputar nove jornadas e Ajax e AZ Alkmaar estavam igualados na liderança do campeonato, mas não há campeão, subidas ou descidas de divisão, e os lugares europeus foram atribuídos de acordo com a classificação no momento da interrupção: Ajax (diretamente) e AZ (pré-eliminatória) vão à Liga dos Campeões enquanto Feyenoord, PSV e Willem II seguem para a Liga Europa.

Em França a decisão foi semelhante ao caso holandês, embora as consagrações tenham sido mantidas. O conselho da liga francesa oficializou o fim da Ligue 1 e atribuiu o título ao Paris Saint-Germain, que liderava com 68 pontos, mais 12 do que o Marselha de André Villas-Boas que assim se sagrou vice-campeão. Enquanto isso, desceram à Ligue 2 os dois últimos classificados (Amiens e Toulouse) e subiram o FC Metz e o Stade Brestois 29.

Mas até foi a Jupiler Pro League da Bélgica a primeira a recomendar o encerramento ainda em março, uma decisão que a UEFA considerou prematura e injustificada. Contudo, mais de um mês e dois adiamentos depois da assembleia geral de clubes da liga belga, a decisão oficial ainda não foi anunciada, mas é sabido que em caso de interrupção definitiva do campeonato o Club Brugge (que lidera com 70 pontos e leva 15 de avanço sobre o Gent) seria declarado campeão.

Indecisões e muitas possibilidades

Enquanto certos países já decidiram o rumo a dar aos seus eventos desportivos, nomeadamente às ligas de futebol, outros ainda estão envoltos em dúvidas e incertezas. O caso mais mediático é o da Premier League, onde a pressão económica para terminar a época se opõe aos que defendem que a saúde pública deve ser salvaguardada num dos países mais afetados pelo coronavírus. O chamado “Project Restart” visa implementar medidas de segurança para o regresso do futebol a 8 de junho, mas ainda está a ser debatido pelos clubes ingleses. Recorde-se que, neste caso, o Liverpool estava a duas vitórias de vencer a liga, tornando num dos pontos de apreensão o aglomerado de adeptos que certamente se iriam juntar em Anfield para celebrar o fim do jejum de 30 anos.

Em Espanha os clubes voltaram ao trabalho na segunda-feira, dia 4 de maio, debaixo de fortes medidas de segurança, embora ainda não haja data oficial para o regresso da La Liga. Já em Itália os jogadores só voltam a reunir nos respetivos centros de treino a partir do dia 18 de maio e o regresso está apontado para o início de junho, ainda que também aqui não haja nenhuma data ou decisão oficial sobre o desfecho a dar à Serie A.