Jogo Duplo: 28 pessoas acusadas de corrupção
Seja qual for o ramo de qualquer actividade, infelizmente é sempre propício a ser corrompido em troca de benefícios (geralmente monetários) para uma ou ambas as partas envolvidas. As apostas desportivas não são excepção e, na verdade, são até uma das áreas mais propícias ao desenvolvimento deste tipo de prática criminosa, que neste caso actua sobre a forma de resultados combinados, o chamado “match-fixing”. Os resultados combinados são infelizmente uma das práticas mais comuns um pouco por todo o mundo e especialmente nas ligas menos badaladas, onde a falta dos holofotes mediáticos potencia este tipo de actividade criminosa. Para além disso, muitas das vezes estão mesmo envolvidos ramos da máfia, dirigentes desportivos e os próprios jogadores, que juntos defraudam continuamente os sócios e investidores dos clubes afectados, espectadores e patrocinadores.
Dado o pontapé de saída sobre como funciona o “match-fixing”, está terminado o inquérito referente à chamada Operação Jogo Duplo que visava precisamente apostas fraudulentas em jogos da primeira e segunda liga de futebol. O resultado deste inquérito surge já depois do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa ter promulgado uma nova lei com vista a penalizar mais severamente todos os envolvidos em esquemas deste tipo, com vista a salvaguardar a verdade desportiva. Posto isto, o Ministério Público (MP) não podia ser mais claro: 28 pessoas acusadas de corrupção entre jogadores e dirigentes.
De acordo com o comunicado da Procuradoria Distrital de Lisboa, estão em causa jogos da I e II Liga de futebol de Portugal nos quais alguns apostadores profissionais terão investido em plataformas de apostas desportivas online. O processo visa ainda apostas fraudulentas no Placard por parte dos arguidos que recebiam valores “não inferiores a 5.000€”, através quer de pagamentos em dinheiro quer das próprias apostas que efectuavam, nas quais já sabiam de antemão qual seria o desfecho do jogo em questão.
Segundo o mesmo comunicado os arguidos “constituíram um grupo dirigido à manipulação de resultados de jogos da II Liga de futebol para efeito de apostas desportivas internacionais”, entre Agosto de 2015 e Maio de 2016. Para tal, os jogadores eram aliciados com prémios em dinheiro se interferissem nos resultados dos jogos em prejuízo das suas próprias equipas, um pouco à semelhança do que já assistimos no caso do Eldense em Espanha.
Assim, no total foram mais de duas dezenas os jogadores e dirigentes desportivos acusados de crimes como corrupção activa e passiva, associação criminosa em competição desportiva e as chamadas apostas antidesportivas, puníveis até 3 anos de prisão. Entre os arguidos encontram-se jogadores da Oliveirense, do Oriental, do Penafiel e do Académico de Viseu, além de um dirigente desportivo, uma SAD, vários empresários e até um elemento dos Super Dragões.