Futebol: Os maiores casos de jogos combinados

Leonardo S. Atualizado em: 25 Out 2024

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O desporto e as apostas sempre estiveram intrinsecamente relacionados, permitindo a qualquer fã criar o seu prognóstico e compará-lo com o do amigo, familiar, etc., com benefícios para a parte vencedora. Ao longo do tempo o desporto evoluiu e as apostas também, tendo estas últimas sido largamente potenciadas pela tecnologia, nomeadamente pela internet e pelo seu acesso cada vez mais fácil. Este crescimento foi tão acentuado que hoje em dia já é comum ver muitos atletas, equipas e competições desportivas a serem patrocinadas por casas de apostas online, que por sua vez se tornam cada vez mais populares e veem as suas receitas disparar. Mas, por outro lado, o fenómeno global das apostas desportivas também resulta numa outra situação e que infelizmente se tem tornado igualmente popular: o chamado ‘match-fixing’, ou jogos combinados.

Um problema mundial que envergonha o desporto

As situações de ‘match-fixing’ são comuns a todas as modalidades e muitas vezes envolvem mesmo ramos da máfia e outras organizações criminosas de vários países, que com ameaças e perseguições assediam jogadores, árbitros e dirigentes para que se envolvam em esquemas cada vez mais elaborados. Portugal não é exceção e uma boa prova disso é a investigação Jogo Duplo, que resultou na detenção de quase 30 pessoas. No entanto, embora a prática de resultados combinados seja mais comum nas ligas inferiores, que por sua vez têm menos mediatismo e divulgação nos meios de comunicação social, ela também acontece em grandes competições internacionais, sejam de ténis, futebol ou qualquer outra modalidade.

Para contextualizar, em 2013 a Europol fez uma das maiores investigações de que há registo com vista a desmantelar uma organização criminosa de resultados combinados de futebol. A operação foi levada a cabo conjuntamente com as forças policiais de 13 países europeus e terminou com a identificação de 425 pessoas de 15 países, entre árbitros, dirigentes e jogadores de clubes, membros de organizações futebolísticas e outros criminosos. Além disso, a rede viciou cerca de 680 jogos em todo o mundo entre 2008 e 2011, cujas apostas ilegais movimentaram milhões em lucro. De acordo com um comunicado publicado pela própria Europol há provas de subornos que ultrapassam os 100.000€ por jogo. Entre os jogos em questão encontram-se tanto partidas de ligas menos mediáticas da América Central e do Sul, África e Ásia, como grandes embates de ligas europeias de topo, da Liga dos Campeões, da Liga Europa e outros relativos a qualificações para campeonatos do mundo e da Europa de seleções.

A rede entretanto desmantelada por esta investigação era, tal como a grande maioria, originária do maior mercado de apostas do mundo: a Ásia. É precisamente em cidades como Hong-Kong, Macau, Manila e Singapura que ainda se baseiam os principais ‘fixers’ mundiais, as pessoas responsáveis por viciar determinado evento. Como o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol detalha num artigo publicado no seu portal, o mercado ilegal de apostas asiático começou por ser local. A liga de futebol da Malásia e de Singapura (comum aos dois países) foi corrompida por este fenómeno ao ponto de durante a década de 90 a competição ter colapsado. Foi então que os ‘fixers’ começaram a pensar globalmente e deram o salto para fora da região, com a ajuda da máfia dos Balcãs, das tríades chinesas e de muitos elementos do mundo do futebol.

Foi assim que nasceram então muitos dos esquemas montados por vários ‘fixers’ – na sua grande maioria asiáticos – e que abalaram a Europa. Um dos mais célebres é o caso do Eldense, em Espanha, e não é preciso recuar muito para provar que até as competições europeias são afetadas. Aquando da fase de grupos da Liga Europa de 2011/2012, o Maribor (que então estava no grupo do SC Braga e que viria a ficar no grupo do Sporting CP na edição seguinte da Liga dos Campeões) estava a vencer o Club Brugge em casa por 3-0 a 15 minutos do fim, altura em que os visitantes fazem quatro golos. O resultado final não foi mais do que uma encenação, como contou um antigo investigador da UEFA que recebeu um telefonema “de uma fonte dos Balcãs” a informar que “os visitantes tinham de ganhar e que iriam marcar quatro vezes nos últimos 20 minutos.”

Casos em Portugal

Apesar deste jogo não afetar a equipa portuguesa, há casos que visam diretamente o nosso país. De acordo com um relatório da FIFA, um dos jogos que poderá ter sido viciado foi o Portugal – Moçambique, aquando da preparação para o Mundial de 2010 da África do Sul. Em Junho de 2010, Portugal venceu a seleção africana por 3-0 num jogo sem grandes casos, mas que foi organizado pela empresa de um dos mais conhecidos ‘fixers’ singapurenses. Depois desse jogo já houve vários encontros investigados, tanto da segunda como da primeira liga. Um deles foi o encontro entre o SL Benfica e o FC Penafiel da época 2015/2015 que terminou com uma esperada vitória dos encarnados (4-0) e que acabou por ditar a despromoção do Penafiel. Porém, o movimento pouco racional das apostas online nesse jogo fez com que fosse disponibilizado um único handicap, que por sua vez apontava para um mínimo de quatro golos. Do mesmo modo, em maio de 2017 a Santa Casa da Misericórdia decidiu suspender as apostas no Placard no jogo Paços de Ferreira – Feirense por suspeitas de atividades irregulares.

A segunda liga também é bastante propícia a esta situação de resultados combinados e prova disso é a suspeita levantada curiosamente noutro jogo envolvendo o Penafiel, mais precisamente no Freamunde – Penafiel de Abril de 2017. No final deste encontro da 38ª jornada de 2016/2017 a GNR identificou várias pessoas, entre elas a equipa de arbitragem, depois de um jogo polémico e em que as odds garantiam sete euros para um numa vitória do Penafiel. O Freamunde acabou mesmo por perder o jogo (2-1) queixando-se de muitas decisões polémicas da arbitragem tendo sido o próprio presidente do clube a denunciar a situação depois de “uma senhora ter mostrado umas mensagens que teria recebido no telemóvel antes do encontro, com o resultado exato verificado ao intervalo e no final”.

 

Curiosamente, o Freamunde já se tinha visto envolvido noutra situação de manipulação fraudulenta. Em Agosto de 2014, as casas de apostas promoveram um jogo entre a equipa portuguesa e os espanhois do Ponferradina, um jogo que nunca existiu e que teve como único propósito a divulgação do encontro por parte das casas de apostas fraudulentas. Conhecida como ‘jogos fantasma’ esta é outra das derivações das apostas ilegais. O mesmo aconteceu com o jogo amigável entre as seleções de sub-21 do Turquemenistão e das Maldivas. Em Novembro de 2012 o encontro foi inclusivamente seguido ao minuto pelas casas de apostas que o listaram e terminou com o triunfo do Turquemenistão por 3-2, apesar de na realidade nunca ter tido lugar.

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